A dificuldade para os que travam uma batalha contra a balança é manter o peso ideal, sem perder o prazer
Diversas pesquisas apontam que mais de 90% das pessoas que emagrecem, mesmo através de uma dieta alimentar, acabam recuperando os quilos perdidos. Portanto, dá para concluir que emagrecer até que é fácil, o difícil é chegar ao peso ideal e manter-se magro. De acordo com a gerente nacional da organização Vigilantes do Peso, Fernanda Fernandes, “o grande segredo é perder peso com qualidade. Se esta regra for seguida, as chances de se manter a balança equilibrada são maiores”.
Emagrecer significa uma pessoa gastar mais energia do que o que come. Um indivíduo pode consumir a mesma quantidade e tipo de alimento e, de uma hora para outra, passar a engordar. “Se o ser humano parar de fazer exercícios, mudar seu estilo de vida ou envelhecer, naturalmente pode aumentar de peso. Algumas coisas dependem mais da própria pessoa, outras não, como, por exemplo, a idade. Se durante 30 anos alguém comer sempre a mesma quantidade diariamente, a tendência é ir aumentando um quilo por ano, sem notar, sem fazer nenhuma extravagância. Manter-se no peso ideal necessita ficar vigilante”, diz Fernanda.
Durante o período de emagrecimento é preciso aprender a comer, a administrar sua angústia e ansiedade. “O estresse e os problemas cotidianos podem deixar a pessoa mais pesada. Alguns indivíduos comem mais quando estão estressados e outros não comem nada. Essa condição, no entanto, tende a levar mais para a chamada ‘boquinha nervosa’. Determinadas pessoas nem registram o que comem. Só para citar um exemplo, há indivíduos estressados que gostam de comer chocolate e ganham peso com extrema facilidade. Uma boa saída para aliviar essa tensão é fazer exercícios e beber água regularmente, durante todo o dia”, assegura a gerente dos Vigilantes do Peso.
Sem sofrimento
Um grande segredo é perder peso sem passar fome. É preciso ter prazer com os novos hábitos. “Um obeso não deve tomar sucos. Deve comer a fruta in natura, pois esta vem com fibras e sacia muito mais. Deve tomar cuidado com as bebidas alcoólicas, geralmente chamadas de ‘calorias vazias’. Outro fator agravante dessas bebidas é o acompanhamento. Geralmente, nos estabelecimentos que servem essas bebidas, os acompanhamentos são mais salgados, para justamente provocar um maior consumo do álcool”, adverte a especialista.
Prática de exercícios
A qualidade de vida, que garante um envelhecimento mais saudável, passa pelo abandono do sedentarismo. “A falta de atividade física não faz bem à saúde. Um sedentário pode até ficar mais magro, através de uma redução das quantidades calóricas na alimentação, mas a prática de exercícios não só é um coadjuvante de um emagrecimento mais rápido como também é fator fundamental para uma melhor qualidade de vida. Quando uma pessoa está praticando algum exercício, libera endorfina, a mesma substância que é liberada na ingestão do chocolate”, destaca Fernanda.
Alimentação balanceada
Uma dieta balanceada é a chave para um correto emagrecimento. A receita para este cardápio é simples. Basta comer alimentos na quantidade correta de uma forma bem variada. De acordo com a nutricionista e professora Andrea Villagelim, da Faculdade Bezerra de Araújo (Faba), do Rio de Janeiro, “quanto mais colorido for o cardápio durante o dia, mais saudável ele é. Não adianta comer o básico, ou seja, arroz, feijão e carne, esquecendo os folhosos, os leguminosos. Esses alimentos têm pigmentos, vitaminas e minerais, que vão ajudar na saúde plena. Uma boa nutrição está alicerçada em três pilares: variedade, qualidade e quantidade”.
Sal: o grande vilão
Atualmente, com a necessidade das refeições serem rápidas, existem muitas facilidades. O problema é que os produtos industrializados têm algumas substâncias que fazem muito mal. A população brasileira consome três vezes mais sal do que a quantidade indicada. “O sódio está presente em grandes quantidades nos alimentos manufaturados. Se a pessoa tem o hábito de comer muita comida industrializada, com o passar do tempo terá problemas com a pressão arterial. Já tive casos no meu consultório de crianças hipertensas. A cozinha moderna tem produtos que servem para realçar os sabores que, na verdade, também são ricos em sódio”, acrescenta a nutricionista.
Tudo que é usado em excesso acaba sendo prejudicial. “O azeite, por exemplo, é um alimento muito utilizado na prevenção de doenças cardiovasculares. Ele pode reduzir a quantidade do mau colesterol no organismo devido à sua grande quantidade de gordura monoinsaturada. No entanto, ele passa a ser vilão quando usado em alta temperatura”, adverte a professora.
Remédios
O Brasil, infelizmente, é campeão de consumo dos medicamentos usados nos processos de emagrecimento. “Essas anfetaminas só trazem malefícios. Nos casos em que realmente se fazem necessárias, só podem ser usados por períodos curtos. A ingestão desses fármacos pode provocar taquicardia, sudorese, mal-estar, entre outros problemas. Se um obeso usa um medicamento para emagrecer e não muda seus hábitos alimentares, com toda a certeza voltará a engordar. Trata-se do chamado efeito ioiô”, explica Andrea.
Existem os fármacos vegetais, os chamados fitoterápicos, que auxiliam no tratamento da obesidade. “Esses medicamentos só podem ser utilizados por ordem de um médico, num consultório. A sociedade moderna se habituou a ter uma resposta rápida, começando pela alimentação. Quando se inicia um processo de emagrecimento, a pessoa não pode ter pressa. Emagrecer com qualidade de vida começa com a reeducação alimentar. Quanto mais consciente e equilibrado for esse processo, maior a garantia de uma vida mais saudável e feliz”, destaca a nutricionista.
Por David Telles
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