
A chamada "pílula do dia seguinte", que é um método anticoncepcional de emergência, faz com que o corpo da mulher fique "hostil" à gravidez, caso ela não tenha tomado cuidados como usar preservativo na relação sexual. O remédio pode agir antes ou depois do processo de fertilização. Entenda como é o processo.
A fertilização ocorre quando o espermatozoide se une a um óvulo nas trompas do aparelho reprodutor feminino. Após isso, esse ovo se encaminha para o útero, dando início, nesse trajeto, a sua própria divisão celular (desenvolvimento). Mas a mulher só é considerada grávida quando, além da fecundação, ocorre um processo chamado nidação, que é a fixação do ovo no útero. Após isso, ele passa a ser chamado de embrião.
Em meio a esse processo, a pílula de emergência age de duas maneiras, dependendo do período do ciclo menstrual em que a mulher estiver. Caso ela ainda não tenha ovulado, esse método impede a liberação do óvulo. Assim, os espermatozoides não encontrarão esse componente e, portanto, não haverá fecundação.
Por outro lado, se a mulher já tiver ovulado, a pílula vai agir de outra forma. Ela altera a secreção vaginal, agindo no muco cervical e no endométrio, tornando o ambiente hostil. Dessa maneira, os espermatozoides não conseguem chegar até as trompas: eles morrem pelo caminho, impedindo a fecundação.
A pílula de emergência possui uma alta dose de hormônios, da classe das progesteronas. A recomendação dos médicos é de que ela seja tomada até 72 horas após a relação sexual desprotegida.
De acordo com o ginecologista e obstetra Abner Lobão Neto, coordenador do Pré-Natal Personalizado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), à medida que as horas passam, o método passa a ser menos eficiente.
- O mecanismo principal da pílula de emergência é evitar a ovulação da mulher e impedir que o espermatozoide chegue ao óvulo.
Numa outra situação, em que o espermatozoide se uniu ao óvulo, mas que ainda não se fixou no útero (a nidação ainda não ocorreu), a pílula de emergência também consegue interferir no processo. Ela altera a camada interna do útero, no endométrio. Isso impede a fixação do ovo, que será eliminado junto com a menstruação.
No entanto, se o ovo já estiver grudado no útero, a pílula de emergência não terá nenhum efeito. A gravidez está estabelecida, processo que a pílula não consegue interromper.
Lobão lembra que, nessa situação (em que óvulo fecundado já se fixou no útero), mesmo que a mulher tome o remédio, o embrião não sofrerá nenhuma consequência.
Uso da pílula em excesso pode trazer riscos
Apesar da a “pílula do dia seguinte” ser um método de contracepção seguro e eficiente, o seu uso exagerado pode trazer graves consequências para o organismo das mulheres. A alta dose de hormônios pode, por exemplo, desregular o ciclo menstrual. A pílula também pode causar tontura, enjoo, náusea e inchaço.
Aricia Galvão Giribela, da comissão de anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), lembra ainda que a pílula de emergência não é tão eficiente como um método de uso rotineiro.
- A eficácia da pílula anticoncepcional normal é maior que 99,5%. Já a da pílula do dia seguinte é de 98%. Cada vez que a mulher se expõe [ao sexo desprotegido], ela corre o risco de engravidar.
Além disso, Lobão afirma que altas doses de hormônio aumentam os riscos de trombose, complicações graves, derrame, entre outros problemas.
Por isso, a recomendação dos médicos é usar a pílula anticoncepcional tradicional e, ainda, o preservativo, que além de evitar uma gravidez indesejada, protege contra as doenças sexualmente transmissíveis.
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